sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Números que assustam




O blog volta depois de um período sabático (não é só o mestre Guardiola que merece descanso) e primeiro assunto são as finanças do Grêmio. Os números já foram mais assustadores, mais ainda faz o negô véio aqui tremer com medo dos anos que viram pela frente. Conforme dados de 2011, o Grêmio tem índice 64, ou seja, 64% da receita anual é comprometida com dívidas – esta soma já representou cerca de 75%.

Porém, a sangria no cofre tricolor tende a aumentar. Negócios arriscados (construção da Arena mais investimento pesado em jogadores médios), pouca receita em venda de jogadores e ações de marketing do tempo da Idade Média empacam as receitas – o aumento significativo veio da TV e só, a grana do quadro social aumentou em função da elevação das mensalidades – e alavancam as despesas.

Conforme o presidente Fábio Koff, o Grêmio necessita anualmente depositar 20 milhões na abastada conta bancária da construtora “parceira”. Seria necessário vender dois jogadores por ano (estudos mostram que um clube de futebol necessita sempre negociar um atleta por temporada para equilibrar as contas) para ficar no azul. Mas o tricolor não consegue vender nenhum faz tempo, quanto mais dois.

O último foi o Mário Fernandes no início de 2012, 50% do passe era nosso, e quando negocia entrega quase de graça. Olhem o caso do Biteco. Até aqui, um dos poucos motivos para nos alegrar em 2013. Mas o meia já têm os dias contados no Olímpico, quer dizer Arena. Ele foi vendido (doado) por 3 milhões de euros para um grupo de investidores. Ou seja, estamos de mãos atadas. O guri só não foi antes para a Alemanha por que, incrivelmente, não passou nos testes do Hoffenheim – isso só corrobora com o fato do clube estar na zona de degola da Bundesliga.

Falando em investidores. Não foi com a grana deles que o Grêmio trouxe o Marcelo Moreno? Acho que nos passaram mais um engodo, especialidade da antiga direção, pois várias fontes citam o Grêmio como devedor de parcelas do passe do atacante para o Shaktar. Façam como o Flamengo, devolvam o cara e ponto final. E matem no peito o prejuízo que por enquanto não é tão grande. Com os 20 milhões de reais “investidos” no boliviano os denominados "dirigentes amadores” montariam um time de futebol.

Outra coisa que me apavora é a nossa provável folha salarial. Deve ser a maior do país. Só neste ano 45 jogadores entraram em campo vestindo a camiseta tricolor. Muitos garotos da base, mas a maioria com ganhos bem significativos, alguns acima de 500 mil reais.

O Grêmio precisa do seu torcedor, mas também necessita pensar com mais cautela as suas finanças. Afinal as receitas extras relacionadas a Arena são ligadas diretamente ao dia do jogo (mais ou menos a mesma coisa que acontecia no Olímpico) ou alguém acha que vai ter um show por mês no local. É só ver quantos espetáculos ocorreram em estádios da capital em 2012.

Por ora é torcer para o time em campo e dar as boas-vindas novamente a nossa eterna casa o Estádio Olímpico. Deixem o teatro recebendo os reparos. Até lá, Olímpico neles. Com gramado decente, com torcida pulsando de pé, sem cadeiras, com avalanche e, principalmente, com alma.

3 comentários:

  1. Muito bem. É isso tudo.
    Eu só não seria tão otimista no final...

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  2. Cristian,
    Sem ser profeta você acabou dizendo o que muita gente está escondendo. Acredito que na atualidade, manter um time de futebol com salários exorbitantes é dramático. Um dia a corda vai arrebentar e então vão culpar quem está segurando. Isso pode ocorrer na próxima administração. Convém que os dirigentes e conselheiros gremistas leiam sua cronica e pensem a respeito.
    Parabéns pela sutileza em observar fatos que irão respingar no futuro próximo.

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  3. Obrigado Sambaquy. Sou um eterno otimista, Gustavo.

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