segunda-feira, 18 de julho de 2011

Viva Mandela


Hoje completa 93 anos um senhor chamado Nelson Rolihlahla Mandela. Um ativista que foi o principal representante do movimento antiapartheid, transformador da história africana. Um guerreiro em luta pela liberdade.

Comprometido de início apenas com atos não violentos, na esteira de Gandhi, Mandela e seus colegas decidiram recorrer à luta armada após o massacre de Sharpeville (21 de Março de 1960), quando a polícia sul-africana atirou em manifestantes negros, desarmados, matando 69 pessoas e ferindo 180.

Em agosto de 1962 Nelson Mandela foi preso e sentenciado a 5 anos de prisão por viajar ilegalmente ao exterior e incentivar greves. Em 2 de junho de 1967 foi sentenciado novamente, dessa vez a prisão perpétua (apesar de ter escapado de uma pena de enforcamento), por planejar ações armadas, em particular sabotagem (o que Mandela admite) e conspiração para ajudar outros países a invadir a África do Sul (o que Mandela nega).

No decorrer dos vinte e seis anos seguintes, Mandela se tornou de tal modo associado à oposição ao apartheid que o clamor "Libertem Nelson Mandela" se tornou bandeira de todas as campanhas e grupos antiapartheid ao redor do mundo.

Enquanto estava na prisão, Mandela enviou uma declaração para o NCA (e que viria a público em 20 de Junho de 1980) em que dizia: "Unam-se! Mobilizem-se! Lutem! Entre a bigorna que é a ação da massa unida e o martelo que é a luta armada devemos esmagar o apartheide!

Recusando trocar uma liberdade condicional pela recusa em cessar o incentivo a luta armada (Fevereiro de 1985), Mandela continuou na prisão até Fevereiro de 1990, quando a campanha do ANC e a pressão internacional conseguiram que ele fosse libertado em 11 de fevereiro, por ordem do presidente Frederik Willem de Klerk. O ANC também foi tirado da ilegalidade.

Nelson Mandela recebeu em 1989 o Prêmio Internacional Al-Gaddafi de Direitos Humanos, e em 1993, com de Klerk, recebeu o Nobel da Paz, pelos esforços desenvolvidos no sentido de acabar com a segregação racial.
Em Maio de 1994, tornou-se ele próprio o presidente da África do Sul, naquelas que foram as primeiras eleições multirraciais do país. Cercou-se, para governar, de personalidades do ANC, mas também de representantes de linhas políticas.

Um homem que usou as palavras para mudar o mundo (e quando precisou outros instrumentos tb). Parabéns, Mandela. Homens como tu fazem desta terra um lugar melhor para se viver.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Muita exigência


Vi muita gente falando mal dos jogos da Copa América. Pelada!! Pelada!! Gritavam os entendidos de futebol pela Rua da Praia.

A única voz solitária em defesa do monte de 0x0 vinha do estúdio da rádio gaúcha. Lá Wianey Carlet babava de excitação diante da vitória das defesas sobre os ataques.

Mas falando sério, sabe pq a Copa América tá ruim. Pq hoje existe uma overdose de futebol na TV. O jogo perdeu aquele caráter excepcional. Quando eu era guri na década de 80 e até meados dos anos 90, futebol na TV, se não era raro, era difícil de ter.

Com o advento da TV a Cabo e popularização da Internet, a gente acompanha todos os campeonatos do mundo na sala de casa. Aumentou a nossa expectativa. O futebol em larga escala nos fez querer só jogos de tirar o chapéu.

Não nos contentamos mais com peladas, a não ser do time da gente. Ficamos chatos e exigentes. Que saudades do tempo que a Bandeirantes transmitia todos os jogos da Copa América. Éramos felizes.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Sou burro, não adianta!!


Eu adoro certezas absolutas. Porém, atualmente a chance de eu tê-las é igual a Globo me contratar para substituir o Willian Bonner.

Eu tenho grandes amigos. Pessoas dotadas de uma inteligência sem fim. Hoje, agora, se alguém da CNN ligar e chamá-los para uma entrevista sobre a criação do Sudão do Sul. Eles irão sem temor.

Vão explicar as relações histórias. O embate pelo petróleo entre os dois Sudões e por aí adiante. Terão opinião formada sobre cada fato.

Opinião formada: algo cada vez mais raro na minha vida. Eu mudo de posição a cada segundo durante o dia.

Política, por exemplo. Minha opinião sobre o Hugo Chávez? Não tenho!! Curto o cara no sentido de estatizar algumas peças importantes da Venezuela. Dar uma banana para o capital e a exploração estrangeira. Ser um revolucionário.

Acho errado se perpetuar no poder (acredito na democracia). Caçar opositores. Se meter na política de outros países, exatamente o que ele critica nos Estados Unidos.

Ou a Europa estar tornando-se um embrião da xenofobia. Os caras exploraram a América, Ásia e África e agora não querem seus filhos e netos disputando trabalho com essa “gente”.

Mas aí eu penso: o Brasil tá melhorando, mas ainda tem centenas de bolsões de miséria. Muita gente pra trabalhar e ter uma vida mais digna. Nossa gente. E se esse bando de europeu que não toma banho vier se meter aqui atrás de trabalho já que a coisa tá feia pra eles por lá.

Eu não quero isso. Mas sou contra a xenofobia, como explicar esse pensamento dúbio. Não tenho ideia.

Mas política é muito complexo, vamos partir para a simplicidade extrema da vida: o futebol. Goleiro defende. Atacante faz gol. Quer algo mais singelo. Mas aí tu vais entrando de cabeça no lance e descobre milhares de particularidades.

O lateral deve avançar sempre no espaço vazio, mas se der contra-ataque do adversário tem que estar posicionado na defesa. Como assim?? Os volantes devem cobrir as subidas dos laterais, ou seja devem ser velozes. Mas tem que ter força e altura e bom passe. Impossível reunir tantas qualidades.

O meia deve criar, mas aí dele se não marcar...putz!!

Todo time deve ter um atacante de referência. Porém, os avantes devem cair para os lados com o objetivo de abrir espaços para os homens de trás. Não entendi!!!!

Chega desse tal de futebol. Vou para mulheres. Essas não têm mistério. O objetivo é sempre transar com elas. De uma fora ou de outra, a meta é tirar a calcinha e sorvê-las com intensidade. Mas e caminho para isso?

Mulher gosta de obreiro, diriam uns. Os sensíveis levam mais fácil, argumentariam outros. Piça pra sensibilidade ou macheza, elas gostam de caras bonitos, afirmariam os especialistas. Não tem essa de beleza, tem que ter atitude, falariam os demais.

Ou seja, não tenho a mínima ideia de qual é o caminho ideal.

Mais um assunto onde não tenho opinião formada. Sério, eu não tenho opinião sobre porra nenhuma nessa vida. Cada vez que recebo email dos meus amigos cheios de teoria e verdades absolutas, vou me sentido um ninguém. Sempre fui um matuto não adianta.

Minha vida perfeita é chegar as seis em casa, tomar um café com pão fresquinho da padaria da esquina. Deitar-me, ouvir as notícias do dia e ler um bom livro da Agatha Christie, como a minha vó fazia.

De preferência com o Hercule Poirot como detetive. É o meu favorito. Ele sempre descobria tudo.

domingo, 10 de julho de 2011

A FIFA só atrapalha o futebol dentro e fora de campo


A FIFA é uma brincadeira eterna de mau gosto. Fode os países onde realiza seus campeonatos oficiais. Colocou seu selo em uma competição que existia há quatro décadas – brincando com a paixão do torcedor.

Nos mundiais, em uma atitude política com a mera intenção de perpetuar-se no poder, escala juízes onde o futebol engatinha. Garantindo votinhos importantes em disputas eleitorais. Nos mundiais de clubes vem repetindo essa fórmula anti-futebol.

Agora, essa ideia de colocar árbitras no mundial feminino. Em um ou outro jogo ok mas a arbitragem feminina precisa evoluir muito para ter condição de todos os jogos do campeonato mundial.

E aqui não vai preconceito em relação ao gênero, mas a diferença do número de árbitros homens em relação a de mulheres é muito grande.

A gente enxerga esses exemplos em outros esportes. Tem mulher apitando jogo de basquete, vôlei e handebol em mundiais e nas olimpíadas (até masculinos), mas a maioria é composta por homens exatamente em função da disparidade nos números de árbitros.

Essa invenção da FIFA prejudica o espetáculo. Na final dos jogos olímpicos em 2002, Brasil e Estados Unidos empatavam em 1x1 quando a juíza tailandesa não viu a jogadora americana espalmar uma bola dentro da área. Pênalti claríssimo. Pior, o lance ocorreu na prorrogação e ainda existia o Gol de Ouro. Logo em seguida as norte americanas fizeram o segundo gol e foram campeões olímpicas.

Hoje, na quartas do mundial o Brasil foi beneficiado por uma arbitragem horrorosa da australiana. Apesar disso, perdeu para os Estados Unidos e está fora. Mundial que apesar disso, deu ótimas notícias já visando a olimpíadas: Alemanha está fora.

Como se classificam apenas duas seleções europeias, as atuais bicampeãs mundiais perderam para o Japão e foram eliminadas. França e Suécia, classificadas para a semi do campeonato são as seleções credenciadas para disputar a competição.

Brasil e Estados Unidos agoram se tornam super favoritas para conquistar a medalha de ouro nas olimpíadas.

terça-feira, 5 de julho de 2011

A vida como ela é


A ESPN americana tem uma série de documentários sobre o esporte. Eles passam no canal 60. Vi um que outro, mas nunca todo um episódio até me deparar com o Escobar e Escobar.

A História narra a época de glória do futebol colombiano no final do anos 80 início dos 90 com destaque para dois dos seus principais personagens: o traficante Pablo Escobar e o zagueiro do Nacional de Medellín e da seleção colombiana Andrés Escobar.

O documentário é muito bom mesmo. O Gustavo Brock e o Jefferson Bodão meus companheiros de Geraldo Santana também curtiram a história. Fica a dica.

Outro documentário imperdível é um que eu não lembro o nome mas fala da paixão pelo América do Rio de Janeiro. Senão me engano, vi no canal Brasil. Procurem na internet, é alguma coisa Sangue.

Uma das passagens mostra um cara de no máximo 40 anos, ao lado dos pais, de bastante idade, vendo um jogo do América na segunda divisão carioca. Lá pelas tantas, o torcedor começa a lançar impropérios contra os jogadores e a podridão e o time. Lembrando que o América tem cinco títulos cariocas e foi uma força até os anos 80 quando chegou a semi do brasileiro.

Visivelmente contrariada com o número de palavrões do filho, a senhora pede que ele se controle pois está sendo gravado. Aí vem toda a ira de um torcedor apaixonado: do nada, ele começa a xingar a mãe e o pai, os responsáveis por ele ter adotado o América e não um outro clube do Rio. O cara culpa os pais por toda a dor provocada por horas e mais horas de desespero vendo aquele time de merda jogar.

Recomendo e muito!! Quem gosta de futebol e sofre por seu time, vai se identificar na hora.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Abaixo os futurólogos


Ando com preguiça e sem tempo. Então, vou colocar aqui outro texto que eu achei simplesmente sensacional. É da Folha de São Paulo

Previsões de especialistas, ou o engodo em que queremos acreditar


A mídia nos bombardeia diariamente com as previsões de especialistas sobre o futuro da Grécia, do euro, da economia americana, sobre o preço do petróleo e o comportamento das Bolsas, para citar uns poucos temas candentes. Esses experts mais erram do que acertam, mas nem por isso deixamos de recorrer a eles sempre que o horizonte se anuvia. Como explicar o paradoxo?

Uma boa tentativa é o recém-lançado 'Future Babble" (balbucio sobre o futuro), do escritor e jornalista Dan Gardner. A obra, que tem como subtítulo "por que as previsões de especialistas são quase inúteis, e você pode se sair melhor sozinho", recorre a um gostoso e informativo "blend" de estatística, física e psicologia para explorar o tema.

As passagens mais divertidas do livro são sem dúvida aquelas em que o autor mostra, com exemplos e pesquisas científicas, quão precária é a previsão econômica e política.

Um caso emblemático é o do professor de Stanford Paul Ehrlich, que, em "A Bomba Populacional", seu best-seller de 1968, escreveu: "A batalha para alimentar toda a humanidade acabou. Nos anos 70, o mundo passará por grandes fomes --centenas de milhões de pessoas morrerão de inanição". Um confronto da previsão com os fatos mostra que, entre 1961 e 2000, a população mundial dobrou, e a quantidade de calorias "per capita" aumentou em 24%.

Caco Galhardo/Folhapress

Ehrlich é peixe pequeno? Num célebre discurso de 1977, o então presidente dos EUA, Jimmy Carter, ancorado nos conselhos dos principais experts do planeta, conclamou os americanos a reduzir drasticamente a dependência de petróleo de sua economia, porque os preços do hidrocarboneto subiriam e jamais voltariam a cair, o que inevitavelmente destruiria o "american way". Oito anos depois, as cotações do óleo despencaram e permaneceram baixas pelas duas décadas seguintes.

OK. Um cético pró-especialistas sempre pode alegar que Gardner está escolhendo de propósito alguns exercícios de futurologia que deram errado apenas para ridicularizar a categoria toda. Para refutar essa objeção, vamos conferir algumas abordagens mais sistemáticas do problema.

Em 1984, a revista britânica "The Economist" pediu a 16 pessoas que fizessem previsões sobre taxas de crescimento, câmbio, inflação e outros dados econômicos. Quatro dos entrevistados eram ex-ministros de Finanças; quatro eram presidentes de empresas multinacionais; quatro, estudantes de economia de Oxford; e quatro, lixeiros de Londres.

Uma década depois, as predições foram contrastadas com a realidade e classificadas pelos níveis de acerto. Os lixeiros terminaram empatados com os presidentes de corporações em primeiro lugar. Em último ficaram os ministros --o que ajuda a explicar uma ou outra coisinha sobre governos.

Caco Galhardo/Folhapress

Em 1999, a hoje extinta revista "Brill's Content" comparou as previsões políticas de dois "pundits" da TV com as de um chimpanzé chamado Chippy, treinado para sortear cartões. Chippy acertou 50% de seus prognósticos, contra 33% e 47% de seus adversários.

O golpe de misericórdia contra os especialistas veio em 2005, quando o psicólogo Philip Tetlock publicou seu estudo clássico sobre o tema, no qual coletou durante 20 anos cerca de 28.000 previsões acerca da economia e de eventos políticos feitas por 284 experts em diversos campos e de diversas orientações políticas. A conclusão básica é que eles se saíram milimetricamente melhor do que o acaso.

O mais interessante, porém, foi constatar que os futurólogos mais veementes foram os que mais feio fizeram. Entre estes, os otimistas se dão ligeiramente melhor que os pessimistas. Os primeiros atribuíram uma probabilidade de 65% para cenários róseos que se materializaram em apenas 15% da ocasiões. Já os apocalípticos atribuíram 70% de probabilidade para desfechos sombrios, que só aconteceram em 12% das situações.

Os especialistas que conseguiram bater a média do grupo e superar os 50% de acerto esperados pelo livre-chutar foram os que coletavam suas informações em múltiplas fontes e chegavam a desconfiar de suas próprias previsões.

Caco Galhardo/Folhapress

Alvo
A razão para tantas dificuldades em adivinhar o futuro é de ordem física. Nós nos habituamos a ver a ciência prevendo com enorme precisão fenômenos como eclipses e marés. Só que esses são sistemas lineares ou, pelo menos, sistemas em que dinâmicas impostas pelo caos podem ser desprezadas. E, embora um bom número de fenômenos naturais seja linear, existem muitos que não o são. Quando o homem faz parte da equação, pode-se esquecer a linearidade.

A analogia que cabe aqui é com a previsão meteorológica. Os modelos funcionam bem para um período de 24 horas. Se queremos um prognóstico para dois dias, o índice de acerto cai consideravelmente. Previsões para mais de duas semanas já são completamente inúteis.

Se assimilássemos bem essa lição, só levaríamos minimamente a sério experts que expressassem suas previsões na forma 'há x% de probabilidade de que o cenário y se materialize'. O histórico de acertos (quando o x% de probabilidade de fato ocorre em x% das previsões) é que faria o bom ou o mau nome do especialista.

No mundo real, porém, não é o que acontece. A mídia e o público valorizam mais os peritos que têm mais certezas, mesmo que isso vá contra os fundamentos da epistemologia. Não importa muito que esses experts sejam justamente os que mais erram. Ninguém exceto Tetlock mantém uma contabilidade mesmo. Aqui, saímos do reino da física para entrar no da psicologia.

Uma das mais importantes descobertas da neurociência é que boa parte de nossas decisões são tomadas não pelo que nos acostumamos a chamar de razão, mas por sistemas não conscientes que atuam quase que instantaneamente, com base em inclinações, gostos ou hábitos.

A maioria das pessoas tem posição quase instintiva sobre o aborto, por exemplo. É só depois que a razão entra para tentar justificar com argumentos a preferência inicial.

É claro que podemos acabar modificando, através de raciocínios lógicos e evidências, nossas posições naturais. Mas, mesmo assim, algo delas fica. Isso é demonstrado de forma escatológica por experimentos nos quais pessoas se recusam a beber num penico, mesmo que ele seja novo ou tenha sido totalmente esterilizado, ou a comer doces que imitam o formato de fezes.

Não é só. Nossos cérebros também trazem de fábrica alguns vieses que tornam nossa espécie presa fácil para adivinhos. Procuramos tão avidamente por padrões que os encontramos até mesmo onde não existem. Temos ainda compulsão por histórias, além de um desejo irrefreável de estar no controle.

Assim, alguém que ofereça numa narrativa simples e envolvente uma explicação sobre o mundo já estará apelando a várias de nossas preferências inatas. Se esse modelo trouxer ainda a perspectiva de predizer o futuro, vendê-lo a incautos é quase tão fácil quanto roubar doce de criança. Não é por outra razão que oráculos, profecias e augúrios estão presentes em quase todas as religiões.

Como diz Gardner, "vivemos na Idade da Informação, mas nossos cérebros são da Idade da Pedra". Eles não foram concebidos para processar probabilidades, frequências relativas e o papel do acaso, que estão no cerne do conhecimento científico atual. Nós continuamos a tratar as falas dos especialistas como se fossem auspícios divinos. Como não poderia deixar de ser, frequentemente quebramos a cara.

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