segunda-feira, 27 de maio de 2013

Somos tão velhos



Não resisti a tentação mercantilista e fui ver Somos Tão Jovens. O Filme retrata o início da trajetória musical do Renato Russo. Na verdade enfrentei um dilema até a última hora em frente ao Guion Center, pois queria ver também o filme francês Depois de Maio, mas acabei cedendo aos impulsos do menino que adorava rock (e ainda adora) nacional dos anos 80.

As músicas salvam o filme. Ainda mais que são, na minha modesta opinião, as grandes composições criadas por Renato. Apesar da Legião estar longe das minhas bandas favoritas da época (este lugar que não tem nenhuma honra ou importância pertencem ao Camisa de Vênus, Titãs e Ultraje a Rigor), vejo o Renato Russo como um gênio. As músicas do Legião 1 e do terceiro álbum – Que Pais É Este – me faziam sair na rua com bandeiras vermelhas em busca da transformação social tão sonhada pela nossa geração. Aqui um mega parênteses: Vejo o Renato também como um cara sem vaidades exageradas ou narcisismo incorrigível, como meu ídolo máximo Cazuza. Até achava ele um cara altruísta – sempre lembro dele num disk MTV comemorando, apesar do gestual performático via se verdade em cada grito exagerado do cantor, o fato dos Raimundos estarem no topo das ligações do programa. Fecha mega parênteses.

E falta exatamente isso no filme. Apesar de abordar na maioria do tempo a fase punk do cantor e depois sua atitude solitária e reflexiva sobre a música e a sociedade onde vivia, a narrativa nos leva a crer que aqueles garotos classe média de Brasília só queriam “invadir uma festa ou chocar a sociedade burguesa da época em momentos pontuais” e não estavam nem aí para outras coisas. Como se o punk fosse uma moda passageira e não um atitude em relação a vida, independente do som que tu escuta.

O Renato era um ser político. Suas letras não eram carregadas de críticas, apenas em função da sua incomparável leitura dos acontecimentos e das pessoas ao seu redor. Essa leitura exatamente existia por que o artista tinha uma alma contestadora. Ele não lia apenas a sociedade como um observador antropológico, ele a queria mudar como um cantor de rock influente e engajado.

O filme é careta também quando trata da sexualidade do cantor. Na verdade ele sobrevive de dois aspectos: das músicas e da parte legal que é reconhecer os personagens. Mas o resto deixa a desejar. A emoção se restringe somente as canções, o que inaceitável quando se faz um filme sobre um cara que era intenso a maior parte do tempo, até mesmo quando mergulhava na mais profundas das viagens internas.

Somos Tão Jovens é feito para os atuais jovens e suas práticas bundamolescas, onde o máximo de contestação é criticar a escola que não deixa fazer guerra de bixiguinha no final do ano. Um cara que cantou para uma geração que tentou ao menos mudar o país merecia um filme melhor, bem melhor!!

Um comentário:

  1. Na época do "bum" do chamado rock nacional, eu já não era mais guri. Sou da geração do Osmar, do Breno, por aí. Não me faziam (nem vieram a fazer) a cabeça os Titãs, Renato Russo ou Cazuza. Exceção à regra: Camisa de Vênus! Adoro Marcelo Nova e seu superego.

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