quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O dia em que o alaúde e o jacaré choraram


Tudo começou em meados de 1995 na PUC. Quarenta adolescentes reunido na 279. Futuros publicitários, jornalistas, relações públicas. A maioria militante de esquerda. A maioria curtia beber. A maioria louca pra conhecer novas pessoas. A maioria se reuniu para não desgrudar mais ou quase isso.

Na verdade, o tempo deixou vários pelo caminho da faculdade, mas uns quinze resistiram. A eles se agregou o amigo, a amiga, a namorada que virou ex, o namorado que virou ex.

Quando a faculdade terminou deixaram de ser um grupo e formaram um exército. Reuniam fácil no Nicus ou no Voltaire mais de quarenta pessoas. Mas tal qual um filme que fala sobre crianças e vai citando os futuros dos personagens no final, os agregados foram desaparecendo.

Sobraram os de sempre. Em número menor, mas sempre com uma ou outra cara nova que atendiam pela alcunha de atual namorado, atual namorada.

Assim eles foram levando por uma década. Muitos por motivos profissionais foram embora. São Paulo, Brasília, Salvador, Estados Unidos, Caribe.

Porém de um ano pra cá tudo mudou. Os churrascos cheios viraram de meia dúzia. Os encontros foram se dissipando. Sem culpados. Cansaram uns dos outros. Um ainda resiste na trincheira, o mesmo que sumiu durante dois anos de relacionamento e não pisou no Nicus por todo esse período.

Nicus que já foi ponto de encontro sem precisar ligar. Era só ir lá e encontrar dezenas de caras conhecidas. Hoje, virou um bar que ninguém mais curte ir. Nos encontros quando acontecem, metade não vai. Tô cansado, acordo cedo. Nem justificativa eu dou.

Os jogos do Grêmio e do Inter ainda são a resistência, mas segmentam os grupos porque ninguém vai em jogo de outro time.

Enfim, agora é tentar reagrupar. Lamber as feridas. Saber dividir aquele amigo que era só nosso, com outras pessoas. Beber mais sem culpa. Sair mais sem culpa. Dizer pra namorada ou pro namorado que sente falta daqueles amigos e quer encontrá-los nem que seja sozinho (a).

Transformar a nossa vida social no grupo do Yahoo. Ali todo mundo fala. Ali todo mundo brinca. Ali todo mundo aparece. Mas as amizades são reais, não virtuais. Assim como os agregados desapareceram. Vamos ter cuidado porque senão a gente vai desaparecer.

5 comentários:

  1. Eu sou uma agregada, uma ex namorada e sim, eu vou em encontrinhos mesmo que o namorado atual não vá! E pode ter certeza, não sou do time da facul, mas nunca vou desgrudar de vcs, bizzarros que eu amo e admiro. Cada um acrescentou e acrescenta coisas boas na minha vida todo o tempo. Snif...

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  2. Tá, meu, agora que tu ficou magoadinho eu vou falar. A galera não vai gostar, mas vou falar: os encontros com 40, 50 pessoas seguem acontecendo. Três vezes por semana. Às vezes menos, como no verão, é verdade, ficamos só em duas vezes. Mas é que tu andava sendo meio inoportuno e a galera decidiu te deixar de fora. Espero que entendas...

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