quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A culpa é do Renato ou seria do Peréio


Sei lá quando essa porra começou, não lembro direito. Mas se difundiu como foto da Paris Hilton nua na internet. Ser gaúcho virou sinônimo de homossexualidade em qualquer parte do país.

E não importa se o jogo é do Grêmio, do Inter, do Juventude. Lá estão a ecoar os gritos no fundo de gaúcho viado. Sobra até pros times de Bagé, Alegrete e Livramento onde comprovadamente nunca nasceu homem que gosta de outros homens. Fora o Maurício, meu ex colega de faculdade, que sempre curtiu garotos.

Cansado desse esculacho sem sentido. Convoquei com urgência uma reunião com dezenas de doutores em sociologia e antropologia da PUC e da URFGS. A ideia central era entrevistar moradores de todos os estados da União e colher dados para decifrar a origem desse rito pejorativo.

Não obtivemos sucesso. A maioria respondia algo do tipo: vi gritando e também gritei. Na real, o coro se restringe a reprodução de comportamento. Assim como dizer que baiano é preguiçoso e paulista é mongolão.

Mas queria ir mais fundo nessa história e liguei para o cara que mais avacalha a torcida do Grêmio e do Inter nesse país, um famoso blogueiro do Flamengo.

Ele chama o Rio Grando do Sul de Uruguai do Norte. Fala mal da gente pracaraleo. Um puta desafio ligar para o cara, mas eu gosto de desafios. Por isso já comi mulher de mais de 70 anos, pesando mais de 150 quilos e sem dente na boca. Comer mulher bonita é fácil, até o Clodovil come (no caso comia, pois já bailou na curva), quero ver traçar as feiosonas.

Bem, chega de enrolar e vamos a ligação. Apresentações daqui e dali e fomos papeando na tranquila. Falei da pesquisa e ganhei várias arriadas do cara do tipo: nunca tinha visto gays pesquisando sobre viados e por aí afora. Mas com o passar da carruagem, o baluarte da torcida rubro negra foi se acalmando e começando a falar sério.

Elogiou o nosso jeito de jogar futebol e tal. Senti que ele abriu a guarda e questionei: “Mas vem cá, tche, o cara lá na arquibancada reproduzir comportamento ok, porém tu embarcar nessa, a troco de quê?”.

Silêncio. Um, dois minutos e uma das respostas mais comovidas, sinceras e angustiantes que já ouvi na vida.

A partir de agora, leitores, somente as palavras do famoso blogueiro.

Essa história aconteceu quando eu tinha de treze para quatorze anos. Por volta da meia noite, ouvi minha mãe gritar no quarto dela. Um grito lancinante e interminável.

Corri até lá com o coração na boca. Foram segundo que duraram a eternidade. Só vinha a mente a cena da minha mãe estirada no chão morta. Vítima de mal súbito.

A porta estava trancada. Comecei a esmurrar chamando o nome dela. Só em acalmei depois de ouvir aquela voz doce e macia que me marcou tanto na infância.

A mamãe está bem. Não te preocupa. Vai dormir. Inquieto, resolvi espiar e até hoje, falando contigo, vejo a cena com toda a clareza. Minha doce mãezinha vestida de freira ajoelhada no milho. Atrás dela um cara sem roupa currando a pobrezinha. Sabe quem era esse cara gaúcho? O Renato. Meu ídolo de infância ao lado do Zico. Campeão brasileiro de 87 pelo Flamengo.

A partir desse dia amaldiçoei todos vcs. E enquanto uma gota de sangue correr nesse meu corpo transtornado e cheio de ódio, estarei gritando aos céus que todos os gaúchos são viados.

Porém a minha história não termina aí. No outro canto da sala com um cigarro na boca e os olhos lotados de luxúria na direção da minha pobre mãe estava o Paulo César Peréio (nota do autor: ator gaúcho nascido no grande Alegrete).

Mas ele não fez nada só ficou observando durante vários minutos. Depois veio em direção a porta para ir embora. Foi a minha deixa para sair correndo e me esconder sob a cama.

Foi o pior dia da minha vida. O Peréio, o Renato e minha mãe. Odeio vcs gaúchos.

E desligou o telefone.

Entendi finalmente agora porque os gaúchos têm fama de viado. É porque o Peréio não comeu a mãe do famoso blogueiro e ele achou coisa de viado não traçar uma mulher gostosa vestida de freira e ajoelhada no milho. Sacaram????

Pensamento do dia:

Homem não tem que ter pau grande, tem que ter cara de que tem o pau grande!

Paulo César Peréio

2 comentários:

  1. Vou imprimir umas 200 cópias desse teu texto e levar pra Brasília da próxima vez que eu for trabalhar lá.

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  2. isso!! divulga o meu blog por lá, vai que role um apoio financeiro...hahahahha

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