quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Sons


A alegria na infância interiorana dos anos 80 é disparada por vários sons, mas nenhum comparado ao zumbido do apito do picolezeiro. A galera entrava em alfa. Se estava sentada, levantava correndo em direção ao pai, mão, vó, gritando e implorando ao mesmo tempo por alguns cruzeiros, cruzados novos, ou qualquer moeda em vigor nos tempos da inflação e dos planos econômicos milagrosos.

Os carrinhos eram brancos e os picolés na maioria artesanais. Meus favoritos eram chocolate, creme e coco.

Na adolescência o som favorito é um simples cumprimento. Mas ele tem que vir na voz de uma mulher e precedendo o teu nome. Uma espécie de OI, CRISTIAN. Que loucura.

Em Tramandaí, na casa da Kully, a galera se divertia jogando taco quando a Lívia, ex colega de aula da minha irmã, parou no outro lado da rua e disparou um OI, Cristian daqueles.

Apesar de já não ser um adolescente, estava com 21, o singelo cumprimento teve formas de erotismo e ganhei pontos com a galera. Nós até ficamos depois, mas não teve um quinto da importância do OI, CRISTIAN.

Na vida adulta seguem frases femininas os da minha preferência. Principalmente duas: eu te amo e nunca gozei assim na vida (esse último é mentira deslavada, porém ótimo de escutar).

Mas um som independe de dia, hora, local, idade e o caráleo a quatro, é o estufar da bola do time que tu torce na rede adversária. Catarse total. Loucura geral.

Faltam nove jogos para acabar o brasileirão e enquanto a vida existe esperança. Vamos Grêmio e se não der que dê o Fluminenses pois assim eu ganho 50 reais do pato do Jefferson oriundo de uma aposta no início do campeonato

Um comentário:

  1. Hahahahahaa...muito boa esta matéria, só pra te lembrar Cristian em Rio Grande o carrinho do picolé era o MILK MONI e a fábrica ficava atrás da minha casa na linha nova...e agora vamu que vamu PORTALUPI...pra cima deles!!!

    Saudações TRICOLORES...sempre com a geral!!!

    Abração, Maurício Ferreira (Chambinho).

    ResponderExcluir