quarta-feira, 10 de novembro de 2010


Aqui na minha rua mora a dona Jacobina Maurer. Ela diz que é descendente direta de uma tal Jacobina Maurer que fez a revolta no morro Ferrabraz...não sei muito bem essa história então nem vou entrar em pormenores. Ela é aposentada e fica a bater papo com todo mundo. Eu já fui vítima dela por várias vezes.

Esses dias, ela estava na padaria bem na hora que eu fui comprar uns doces para dar de presente a duas gêmeas croatas que eu ando pegando, quando me deparei com um discurso inflamado da dona Jacobina.

Ela falava sobre um bisneto de oito anos que havia estuprado a bisavó de 112 anos e depois matado a senhora a bengaladas. Na esteira da notícia deflagrava o final os tempos, pois o ser humano, na visão dela, tinha chegado ao ápice da barbárie.

Na hora lembrei da faculdade e de uma palestra do Juremir Machado sobre a exposição da violência. E ele tinha razão. Hoje achamos que o mundo é mais violento, pois temos mais contato através de todas as mídias com qualquer atrocidade como se tivesse acontecido no nosso vizinho. Na verdade, as pessoas são muito mais civilizadas.

Na idade média, por exemplo, enquanto Kulleava tranquilamente o rei da França resolvia invadir o sul da Inglaterra. Ai ele mandava chamar os representantes de todas as regiões do país.

Sem grana, como o cara que mal tinha um exército oficial, ia prometer a corsos, gauleses e demais que valia a pena deixar os afazeres de lado só pra ir lá matar uns bretões. Apenas de uma forma: com promessas de saque total. Ou seja, neguinho chegava lá e destruía geral. Matava geral. Estuprava geral.

E esse tipo de comportamento não era exclusividade de reis europeus. Era regra em todos os continentes e durante anos e mais anos vigorou. Aqui no RS, no século 19, tivemos a revolução federalista. Massacres a torto e a direito. O pau pegou feio.

O ser humano foi ficando mais dócil não mais violento. Hoje somos muito mais civilizados. Domingo tive mais uma prova disso. Antes de entrar no estádio para o show do Paul, ficamos a mercê da sorte nas filas já que não havia nenhum tipo de informação ou organização. Mas graças a civilidade das pessoas tudo deu certo e mais de 50 mil pessoas assistiram ao show de maneira ordeira (como diria minha vó).

Ontem tomei um trago e falei tudo isso para a dona Jacobina que estranhamente ficou excitada com o assunto e me convidou para um chá na casa dela. Confesso: tracei a senhora no auge da beleza dos seus 74 anos. Mas quero deixar bem claro que foi consensual.

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