domingo, 14 de novembro de 2010


Essa coluna será toda dedicada ao campeonato brasileiro de futebol de mesa que aconteceu em Porto Alegre e reuniu mais de 180 botonistas em cinco categorias.



Nome na história


Marcelo Vinhas nasceu em uma terra guiada pela rivalidade. De um lado os rubros negros fervorosos torcedores do Brasil. Do outro, os áureos celúreos fãs do Pelotas. Cidade famosa por vários aspectos. Foi lá que um sujeito de sobrenome Schele, natural de Jaguarão, deu cores à camiseta da seleção brasileira.

À terra de Marcelo é conhecida no Brasil por ser um local de afeminados. O motivo de tal fama é a pujança em outros tempos. Seus filhos com os bolsos forrados atravessavam o Atlântico e iam estudar em Paris, Viena, Londres. Hoje, alguns ainda fazem essa viagem, mas parece que não são tão afeminados assim, apesar de torcerem para o Flamengo e chamar a outros homens de chefe.

Pelotas também é terra de grandes escritores e músicos. O meu favorito é o Vitor Ramil. E agora pode se orgulhar de ter o jogador mais completo de futebol de mesa do Brasil, como sempre defendeu Pedrinho.

Marcelo já ganhou tudo no cavado e migrou vagarosamente para o liso, onde os nordestinos, principalmente os baianos, orgulham-se de ser os melhores. Quem não é afeito ao futebol de mesa, deve achar que essa transição é tranquila. Não é. É complicada, bem complicada.

Marcelo já havia ficado entre os 24 melhores do país. Ótimo resultado para o futebol de mesa do RS. Só que dessa vez aproveitou o campeonato brasileiro em Porto Alegre para cruzar a fronteira do possível para o impossível.

Teve duas vezes com a faca no pescoço, nas oitavas e nas quartas, contra adversários do Espírito Santo. Gol nos minutos finais garantiram a passagem para a continuação do sonho. Na semi, o potiguar Aldemar ajoelhou-se perante a enorme técnica do jogador da Academia.

Marcelo escrevia seu nome na história do futebol de mesa: primeiro gaúcho a estar na final do campeonato brasileiro especial de liso.

A derrota para Alênio RJ na final não tirou o brilho da campanha do centauro pelotense.


Demarcando território

O campeonato brasileiro da categoria livre divide-se em dois grupos. Os gaúchos que defendem cores de associações locais e os gaúchos que jogam por outros estados do país. Brincadeirinha, galera. Porém, neste ano entre os quatro finalista encontravam-se dois expatriados, Careca por Santa Catarina, e Christian por São Paulo. A honra de erguer o troféu de campeão coube ao riograndino amigo do Erlon.

Durante os campeonatos, Christian é um sujeito calado. Não desperdiça uma gota de energia em falatórios desnecessários. O foco é total na mesa.

Quando ainda curtia o vento da “adorável” praia do Cassino, venceu vários estaduais e taças RS quase sempre envergando a camiseta da tradicional Afumerg. A ida do talentoso jogador para a terra da garoa somada ao fato da saída de outros tops fez a entidade perder força.

E o destino traçou o final perfeito para Christian. O último obstáculo na caminhada rumo ao título seria um atleta da arquirival Riograndina. O surpreendente Sandro (que não conheço pessoalmente) chegava a final com a vantagem do empate, mas aprendeu de maneira dolorosa a dificuldade de frear uma locomotiva. É impossível derrotar um titã em seu solo sagrado.

E assim ao reverter a vantagem e ficar com o caneco, Christian torna-se o primeiro jogador representante de uma entidade paulista a vencer na categoria livre regra um toque.

O velhinho é demais

Seu Lauro é católico praticante, mas nem sempre foi assim. O politeísmo dominava a vida do nosso herói até ele se deparar com Jesus Cristo em pessoa. A passagem do encontro está descrita no livro Gênesis do Novo Testamento. Brincadeira, o seu Lauro (o seu faz parte do nome, pelo menos pra mim) não é tão velho assim. Na verdade, ele nasceu doze anos depois da morte do messias.

Durante anos seu Lauro foi meu companheiro de Grêmio, apesar de ser colorado. O homem é ardiloso na mesa. As poucas vitórias que tive sobre ele foram comemoradas com litros e litros de cerveja, tamanha a dificuldade imposta. Isso que na época enxergava com apenas um olho. Depois da cirurgia corretiva, o sujeito tornou-se letal na mesa.


De repente, ele sumiu da minha vista às segundas-feiras. O motivo: uma paixão avassaladora. Sentimento que não foi despertado por uma mulher e sim pela modalidade liso do futebol de mesa, jogada as quintas no tricolor.

O departamento de futebol de mesa do Grêmio fechou e seu Lauro nos abandonou. Confesso, que a saída dele não foi bem digerida, afinal era querido por todos e tudo indicava que permaneceria ao nosso lado. Enfim, coisas da vida.

Ele foi jogar na Franzem e hoje teve a honra de vencer o primeiro brasileiro na categoria master (acima de 55 anos) no liso. Para abrilhantar mais a conquista, o título foi obtido em cima da lenda viva Paulo Schemes.


Hora de mudar


A Confederação Brasileira de Futebol de Mesa deve urgentemente mudar o sistema de uniformização. Os jogadores não devem jogar com camisetas dos seus estados e sim com o uniforme de suas entidades.

O raciocínio é simples: nós aqui jogamos o por equipes com o uniforme da entidade e o estadual especial também. Se a regra valesse aqui no estado, deveria ser jogado o estadual individual com a camiseta da sua cidade. Os cariocas, por exemplo, jogam o brasileiro com uniformes das respectivas associações. É muito mais legal. Dá um colorido todo especial a competição.

Muda já confederação!!!!!!


O próximo texto será sobre futebol de mesa tb e será bem polêmico...aguardem

4 comentários:

  1. caro guri alegretense, estou te convidando, para jogar lá na Franzen, uma partida de liso, que vou ganhar e, uma partida de cavado, a qual naturalmente irei perder, para te pagar uma cervejada lá no bar. Observação, o título é brasileiro e, o primeiro na recém criada categoria master, sendo também juntamente com o Marcelo de Pelotas na categoria Juvenil, os únicos Gaúchos Campeões Brasileiros, na modalidade de Liso.

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  2. Seu Lauro, já corrigi o texto...sei láporque coloquei estadual...hahahah

    aceito o convite, é aó marcar!

    grande abraço!

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  3. Cristian, continuas produzindo os melhores textos do futmesa brasileiro. Como um dos quatro leitores, te peço que continues escrevendo com regularidade.

    Um abraço, Pedrinho

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  4. bah, cara, eu dou muita risada lendo o que tu escreve na Academia. Sinceramente, pra mim ninguém escreve do dia a dia da associação como tu. Me sinto já conhecendo todos os personagens das tuas história como se fizessem parte da Academia. Pra mim tu sobra na turma e estou sendo muito sincero. abraço

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