terça-feira, 23 de março de 2010



No meu retorno as mesas, dois caras me reconheceram de cara: o Sérgio (AFUMEPA), que tinha jogado comigo na Riograndina, e o Guido (Santa Vitória do Palmar).


E é sobre a terra que tem disparado o nome mais bonito de praia - Hermenegildo - , que relatarei minhas duas próximas histórias.


A terceira será sobre Canguçu, uma singela homenagem ao retorno das duas entidades a Federação Gaúcha de Futebol de Mesa.


Em 1989, meu pai estava no último ano da faculdade de Engenharia Civil na FURG (Universidade Federal de Rio Grande). O canudo estava próximo. A ele somava-se o diploma de matemática, profissão que desempenhava como professor estadual na cidade litorânea.


No final de outubro, uma rede federal de cursos técnico abre concurso. Uma vaga por disciplina. Meu pai fica em primeiro. Emprego perfeito, na época, grana boa mais estabilidade. Rio Grande seria a minha casa por mais tempo.


Porém, uma concorrente entra com um protesto em outra disciplina. Resultado: anulação geral do concurso. Três meses depois rumavámos de volta de mala e cuia pra Alegrete. Isso mudou muita coisa na minha vida.


Se tivesse ficado na Noiva do Mar, certamente teria perdido a virgindade com outra guria, teria outros outros amigos hoje e jogaria infinitamente na Riograndina.


Mas a vida quis diferente. Não entrei na Associação Alegretense de cara. Aos 14 anos vivia uma euforia sem precedente. Tinha dado meu primeiro beijo. Sexo ainda estava longe, bem longe, contundo as mulheres depertavam e muito meu interesse, para desespero da família que sempre sonhou em ter um membro homossexual.


Os discos das bandas nacionais de rock como Titãs, Camisa de Vênus e Ultraje a Rigor dividiam o aparelho de son com as bandas de metal Iron Maiden e Ozzy Osbourne.


O Grêmio dava show no Gauchão com direito a goleada de 4x1 no Inter. Jogo de despedida do Luis Eduardo e do Cuca que estavam com as passagens compradas para a Espanha. Seriam protagonistas do Valladolid.


Mas o Real Madrid (meu time de botão na ápoca) não entrava mais em campo. Dormitava um sono sem data para acabar na velha caixa, confeccionada pelo meu avô paterno, dono de uma loja de móveis usados. Porém isso ia mudar logo logo.


Em um sábado esperava o Rodrigo para ir comigo até o Oswaldo Aranha jogar bola. Era o embate tradicional entre a galera do colégio. Ele me liga e diz, cara não vou ir. Vou jogar botão. E eu respondo: como assim botão?


Meia hora depois da explicação do Rodrigo, Hugo Sanchez já estava marcando gols no meu retorno a mesa em uma brincadeira com meus amigos do colégio lá na Associação Alegretense, localizada no CTG Vaqueanos da Fronteira.


Todos os adversários eram novatos na arte do futebol de mesa. Presas fáceis para um jogador com pouca técnica, mas com experiência de dois anos naquele tipo de mesa e regra.


O desempenho foi tão bom que todos achavam tratar-se de um fenômeno. Aí tive que abrir o jogo: não sou novato, jogava em Rio Grande.


De todos que participaram da brincadeira, só eu e o Rodrigo ingressamos na Alegretense. E não mais que dois meses depois, eu já envergava a camiseta da associação em um torneio embrionário: o primeiro campeonato estadual por equipes.


A minha escalação foi fruto do acaso, na verdade da crise econômica deflagrada pelo governo Collor. Ninguém podia jogar, alguns até queriam, mas não tinham grana. Faltava apenas um atleta, até que o Clito teve a feliz ideia, quer dizer infeliz ideia, de me convidar. Aceitei na hora.


Time pronto: Domingos (primeiro campeão estadual veterano), Jesus, Fabrício e eu. Destino: Santa Vitória do Palmar, terra do Guido.


No caminho, mais ou menos entre Canguçu e Pelotas, uma péssima notícia já antevia o fracasso deste que vos escreve. Terminava no Olímpico em um empate sem gols a partida entre o Grêmio e o Cerro Portenho do Paraguai. O resultado significou a eliminação na primeira fase do tricolor da taça Libertadores da América.


Com a tristeza juvenil dos aficcionaos por futebol, encarei silenciosamente os mais de 300 quilômetros restantes sob as risadas e deboches dos colorados fanáticos Fabrício e Domingos.


Quem nos recebeu em Santa Vitória foi o Guido. Morei seis anos em Rio Grande, mas era a primeira vez que entrava na cidade, penúltimo reduto brasileiro no hemisfério sul.


Sete equipes participaram do torneio. Ficamos em último. Mérito meu e das minhas cinco derrotas em seis jogos. De bom de lá só trouxe duas notícias. Perdi de apenas 1x0 para o ainda não lendário Guido e empatei sem gols com o Ronir (Sport Club Rio Grande). De resto foram insucessos e goleadas de deixar o Ituano envergonhado.


O título foi da AFUMEPA com o Sport Clube Rio Grande em segundo Lugar.


Sai triste, tristinho de lá, mas mal sabia eu que essa tristeza seria ínfima perto daquela que passaria no ano seguinte na mesma cidade, mas essa é uma outra história.


Continua...







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